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Neste mundo virtual podemos dar voz ás nossas partes mais sombrias, aos nossos complexos e personas criadas durante a vida... É um espaço de experimentação, de fantasia e que pode muitas vezes levar à instabilidade emocional.
Ali as Fantasias rolam soltas... isentas de sentimento de culpa. Podemos visualizar a pessoa como gostariamos que fosse, e passar uma imagem nossa que não decepcione... por vezes até tentamos aguçar o interesse.
O Irc e as salas de Chat, tornam-se atraentes pela possibilidade de se viver, em palavras, o que se deseja naquele momento e naquele instante, sem censuras e/ou limites morais, que normalmente permeiam a vida de cada um... o pior é quando ultrapassa essa barreira, não é?
Costumo dizer que o Irc é demasiado perigoso, para quem não sabe gerir as suas emoções....As pessoas por vezes envolvem-se com um nick, e nem entendem bem porquê? Ele ou Ela entra no canal, e o coração começa a bater mais forte....O mundo real deixa de existir... O resto, bem vocês sabem!
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Claro que o Irc já juntou muita gente... mas também já fez sofrer pessoas sem conta.
Aos mais novos nestas lides...cuidado...atrás de cada comando há sempre uma intenção. Cada /join, /who, /whois, /quit, /query, /dcc chat, pode trazer consigo uma pequena surpresa, alguém que pode mudar o teu dia, ou (quem sabe?) a tua vida...
O Maslow (#30-50) explica isto com outras palavras... palavras bonitas, que emocionam.... que tornam afinal o Irc uma espécie de conto de fadas: com os respectivos herois e bandidos.
Cereza
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Um beija flor, continuamente buscando realizar todos os sonhos que surgiam em cada batimento de asas, pairava curioso por cima dum jardim estonteante.
Como louco, todas as cores o estimulavam a voar em volta, procurando em cada cor, de cada uma das flores desse jardim, a remissão de todas as suas duvidas, de todas as suas buscas.
Tirando de cada flor apenas uns momentos de suave esquecimento foi deixando escorrer a vida , esvoaçando e apenas aspirando aromas e deixando-se emocionar a cada pingo de cor mais fascinante.
Um beija flor comove-se com imensa facilidade, mas entrega-se muito raramente. A natureza foi generosa com o beija flor. Não precisa invejar nenhuma das outras aves. Os seus voos são magia, a sua plumagem divertida, os seus hábitos seguros. Não precisa de concorrer com as outras aves e o mundo de insectos que tentam, densamente, alterar o seu mundo, geralmente afastam-se perante a sua presença.
A sua personalidade é, por isso, vincada e orgulhosamente, dominadora. Eleva-se, o beija flor, à posição de pequeno rei dos seus domínios, naturalmente.
Habitualmente deixa-se amar e é discreto e secreto na forma como ama. Cada amor que vive perdura e, quando ferido pela ânsia de amar, é impaciente e tenaz.
Num dia de alegre indecisão, o beija flor, entretido, deslocou-se prazeroso e entusiasmado, como tem por costume fazer sempre que se lhe deparam oportunidades para esvoaçar rumo ao desconhecido, até um jardim onde permanecia uma flor discreta que irradia a bonomia de quem sabe de si ser uma flor das mais inquestionáveis do jardim. Sentindo a inutilidade de tal encontro, não foi por isso que deixou de se alegrar pela viagem nem pela suave espuma que escorreu desse encontro.
Não podia prever, o beija flor, é que iria também encontrar uma flor cujas cores, jovens e quentes, duma intensidade que nunca tinha antes visto em nenhuma outra flor, não mais abandonariam os seus sentidos. As suas cores, dessa flor nunca antes imaginada, preencheram-lhe, desde esse dia, todas as suas premências de sonhos, todas as questões pelas quais interrogava continuamente a sua vida, todos os momentos em que se sentia perdido no ócio de quem, pouco antes ainda, sentia ter realizado a lenda para a qual apontava desde o dia da sua concepção.
Desmoronou-se o seu mundo. Não teria nem mais um dia em que não pensasse continuamente em voltar aquela flor, de tons tão esfuziante e delicadamente necessários, de tão rara e inatingível beleza.
Mas as flores são tão incompreensíveis. Enquanto o beija flor se distrai, esvoaçando entre um passado e um futuro, sem compromisso nem afirmação, todas as flores lhe estendem as suas pétalas, enviando sinais e seduzindo-o a deter-se, entretido, no esquecimento das suas muitas cores. Desde que se deteve, curvado perante a grandiosidade deste esmagar dos seus sentidos, perante a urgência do frémito ininterrupto de se oferecer ou vender a alma, a flor mais linda, profana do seu sentir, inunda-lhe todas as noites o mundo de sons, de sorrisos; inunda-lhe o mundo de tons de prata e de equívocos... diz que não sabe!
Não são mais os dias os mesmos, nem as canções as mesmas, nem as noites tão apertadas. Não são mais a respiração e o olhar os mesmos, os gestos os mesmos, a inteligência a mesma.
Agora habita em si uma permanente agitação de não saber, o pânico de estar a perder ou de estar a deixar passar um fragmento de vida que se estende, impávida, à distância dum cabelo.
Ficção
O beija flor decide que sem a sua flor a vida não vai, nunca mais, ter sentido nenhum. Ao menos tem que saber se, em qualquer lugar ou em qualquer tempo do mundo, a sua flor o deseja e o aceita.
Se, ao menos, a sua flor pensa nisso.
Deixa-me conhecer-te.
Maslow (#30-50)
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(Para o Guldan)