De Tomar a Fátima...
A Queenie faz a sua prória intodução :)
Olá,
Vi aquele texto sobre os avós e lembrei-me de ir à procura de algo que tem a ver com o meu avô materno. Fartei-me de mexer e remexer nas gavetas, até que encontrei o que pretendia.
Mas antes de tudo, passo a esclarecer o seguinte:
O meu avô pertence ao Grupo Caminheiros de Vila Real, do qual também foi fundador, há coisa de 40 anos. A faixa etária do grupo situa-se entre os 50 e os 80 e poucos anos. Isto, quando eu não estou com eles, eheheeh.
Começou a fazer ginástica por volta dos 2 anos de idade e ainda hoje, com 82, continua não só nas caminhadas (a passo de marcha), como ainda faz musculação num ginásio de uma faculdade e até em casa, onde tem algumas máquinas para o efeito. As caminhadas costumam ser por volta de Vila Real e arredores isto, o circuíto ou então, aventuram-se para mais longe, como Fátima, Tomar, etc, e, há uns anos, a Roma. Já antes disso, tinha ido a Lourdes.
Ele costumava escrever para o jornal A Voz de Trás-os-Montes. Fazia relatos das suas caminhadas, algumas passagens com bastante humor e verdadeiras. Cenas que aconteciam durante a sua passagem pelos mais diversos locais. Penso que já não o faz.
Eu tenho orgulho no meu avô. Sempre tive desde pequena. Ele é bastante culto e tem sempre interesse em saber a cultura dos locais por onde passava, juntamente com os companheiros de marcha.
Vou transcrever aqui um dos seus artigos que saíram no jornal que referi anteriormente.
De Fátima a Tomar Pelo Dr. António Júlio Monteiro (30/05/1996)
No dia 27 de Abril, alguns Caminheiros regressaram a Vila Real, mas outros recém-chegados juntaram-se a nós às 11h e iniciámos a caminhada para Tomar. Este grupo incluia a Carmem, Mª Ângela, Ilídio, Gaspar, Américo, Pito, Euclides e eu. À hora do almoço chegámos a uma localidade com um nome estranho PAFARRÃO e entrámos no Restaurante Palhinhas. Pouco depois, tornou-se evidente que nos tratavam com grande afabilidade. O mistério só foi decifrado quando o Sr. Teófilo se apresentou como primo do Carlos de Sousa e disse que o Sr Henrique de Sousa casara em Pafarrão onde vivera alguns anos antes de ir residir para Vila Real.
A inscrição CAMINHEIROS DE VILA REAL nas nossas camisas de desporto e nos impermeáveis foi o abre-te, Sésamo da simpatia daquela boa gente.
O sr. Teófilo recordou que o sr. Henrique de Sousa levara para aquela terra o primeiro automóvel, o que foi motivo de grande regozijo popular. Fizeram muitas fotografias, tendo sido uma delas reproduzida em azulejos. O quadro figura em lugar de honra em casa do sr. Teófilo.
O Carlos contou-me uma saborosa história. Quando pilotava um avião de Lisboa para Vila Real acompanhado do pai, o sr. Henrique de Sousa disse ao filho que aterrasse.
-Não é possível, pai.
-Levei o primeiro carro para Pafarrão e quero ser o primeiro a descer ali de avião. Aterra em qualquer sítio!
O Carlos deu umas voltas, mas não havia qualquer possibilidade de descer e lá trouxe o pai desgostosíssimo por não ter aterrado em Pafarrão...
Em Tomar, juntaram-se ao Grupo a Drª Adriana, a filha e a D. Lucinda com os seus excelentes covilhetes que merecem honras imediatas.
No dia 28, tomámos parte do 8º Encontro Nacional de Caminheiros, com cerca de 600 participantes, um percurso de 18 km, chuva a potes e, no fim, a apresentação do Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira. Este Rancho é extraordinário e, por si só, justificava a deslocação a Tomar 334 km a pé!
Vila Real, 16-5-96
Queen_Akasha