Era uma vez um lobo muito bonito. Já nao era novo mas conservava uma beleza interior e de espírito que o tornavam intemporal. Esse lobo vivia a sua vidinha do dia a dia sem fazer mal a ninguém, nao corria atrás de avozinhas nem nada. Um dia conheceu a capuchinho vermelho e, quando os olhares dos dois se cruzaram, foi quase amor à primeira vista. Apesar das evidentes diferenças entre ambos, pareciam feitos um para o outro. Foi entao que, contra tudo e contra todos, o lobo e a capuchinho vermelho decidiram mandar o resto do mundo às urtigas e assumiram o seu amor. Numa primeira fase, o lobo era visto pelas gentes como mau, e havia mesmo quem afirmasse que ele só se queira aproveitar da capuchinho. Por outro lado, havia quem dissesse que a capuchinho, por ser nova, das duas uma: ou era muito ingénua, ou só queria passar um bom bocado com o "mauzao". O que é facto é que a magia que os dois criaram, e que com o tempo consolidaram, foi calando os "velhos do Restelo", que apostavam que "a coisa" nao duraria mais de 2 ou 3 meses. Os dias passaram e tornaram-se semanas, que se tornaram em meses, que deram lugar a anos. A vida sorria para aqueles dois que se redescobriram um no outro. Ele dizia que a amava mais do que tudo na vida, que ela era a mulher da vida dele e quem sem ela, ele nao seria nada. Ela acreditava e sorria. Respondia-lhe que a sua existencia estava justificada pela descoberta daquele amor. Até que... ele se descuidou com o telemóvel e ela veio a saber que o seu lobo afinal era mau e que ela era apenas uma das "capuchinho vermelho" que passeiam nestes bosques. O lobo, quando confrontado com a realidade irritou-se, mentiu, disse que nao era nada disso e que ela nao tinha nada a ver com a vida dele e com as coisas dele. Ela chorou, incrédula, por estar a vivenciar uma daquelas coisas que só acontecem aos outros. O lobo teve pena e disse-lhe que nao tinha havido nada... ainda! Que houve sim, intençao e que foi ele que procurou a oportunidade. A capuchinho sentiu-se a morrer, de facto desejou morrer naquele momento. "Porque a mim?", pensava ela, "Porque é que me fizeste isso?", perguntou ela ao lobo. O lobo hesitou mas respondeu que ela andava a ser "muito dura" para com ele nos últimos tempos. Ela saiu de casa, voltou às origens e decidiu que ía continuar a viver. Afinal era jovem, ainda tinha muito tempo de vida pela frente e iria usá-lo, mais que nao seja para provar a ela própria, ao lobo e ao mundo que nem sempre a história acaba de forma trágica, que é possível dar a volta por cima. Porém, na sua alma as mesmas perguntas de sempre ecoam cada vez mais alto, "Porque é que ele me fez isto"... a resposta é fácil, está-lhe na pele! Resposta: os lobos maus existem e andam por aí... de pantufas...
Não, não existem lobos maus, apenas há indícios de haverem por aí raposas matreiras. Agora pergunto eu... E capuchinhos vermelhos, isso existe?
Outra coisa... Agradeço que altere o meu link para BLOGJOB ou simplesmente shakermaker, obrigado. O Honky Tonk Women agora está arquivado neste endereço: http://honkytonkwomen@sapo.pt
A menina ouviu muitas vezes essa história, umas vezes contada pela mãe, outras pelo pai, outras ainda pelos avós. De cada vez que escutava a história, a menina dizia a si própria que estava preparada para aquilo que a esperava. Eis que quando ela finalmente atravessou a floresta "sozinha" e chegou à casa da avó, o lobo não estava lá.