Cyber Amor
Trata-se de mais um texto do nosso Maslow. Não será difícil alguns se identificarem nele.
Note-se este texto é FICÇÃO!
- Olá! Um beijo.
- Hey, então? Estás bem? Um beijo e bom dia...
- Sim, estou. E tu? Aposto que nem ias dizer nada.
(Porque será que, de repente, o dia ficou melhor? Hoje já vou estar melhor, por aqui...Será que está sorrindo? Agora parece-me sempre que me levanto de manhã apenas porque pode estar aqui.)
- Eu? Ia pois... acabei de chegar! Ontem pensei em ti, sabes?
- Sim? E que pensaste?
(Se pudesse dizer-lhe o que pensei, aliás nem o saberia transmitir por palavras!)
- Epah, pensei em ti ...que mais? De repente dei por mim contigo na cabeça.
(Eu sou mesmo estúpido, contigo na cabeça? Bem, está dito.)
- Estás a dizer isso apenas por dizer. Quantas vezes já o disseste antes?
(Apenas quando foi verdade, claro!)
- Não, não o disse muitas vezes, a sério.
- Eu fico contente por teres pensado em mim.
(Ai! Ela fala-me estas coisas e eu corro, louco, para acreditar.)
- Ficas? Tanto ?
(Bolas, eu sei ser chatinho, claro...)
- Sim, muito contente...ontem também fiquei a pensar em ti.
(Hmm! Queria agora saber fazer a pergunta de um milhão de dólares.)
- Disse alguma coisa que não devia, foi?
(Eu não aprendo ... chato mesmo, mesmo.)
- Não, claro que não. Apenas porque sim, gosto de pensar em ti.
(Dizes isso e a mim apetece-me tocar-te. Quase me dói não te ter aqui.)
- Não digas isso, olha que é cruel...Deixas-me assim, esquecido de mim...
- Desde que não te esqueças de mim!
(Será que brinca? Começo a ficar a 200, bolas...acho que tenho que lhe dizer.)
- Sabes, começo a ficar viciado em ti ...imenso! Não sei, sinto saudades, muitas ...
(Porque será que se me eriçam os cabelos enquanto lhe escrevo isto?)
- Sentes? E não tens mais nada para me dizer? Eu espero, take your time!
(Bolas, ou está a rir-se de mim ou, então, sou o maior felizardo do mundo.)
- Sabes, eu sou brutal, e tenho sim, algo para te dizer! Quero-te!
(Agora fique lá com esta, menina mágica.)
- Se me queres, porque não me vens buscar?
(Como será que ela olha agora? Que expressão posso adivinhar no seu rosto, no que dizem seus olhos...Será que também se arrepia?)
- E será que tu vens?
(Quase ouço bater o meu coração. Como estará vestida? Será que a poderia beijar, nos ombros, talvez?)
- Quero que venhas, sim...
(Tremo, já sinto que tremo ao pensar no beijo que está a nascer aqui mesmo, dentro de mim. Como preciso de lhe tocar...)
- Quero tocar-te, os meus dedos já nem me obedecem nesta loucura de te querer
tocar.
- E eu queria tanto que me tocasses, agora!
(Será que ela consegue sentir o que se está a passar dentro de mim, a vontade que sinto de a beijar, de a abraçar...será que sente que lhe afasto a blusa, pouco a pouco, fazendo-a descair, escorregar, até que os ombros dela me pertençam definitivamente...onde me perco em beijos cada vez mais perdidos, na sua pele?)
- Só fazes sentido porque não te toquei, ainda, mas toco-te enquanto te escrevo...como podem ser tão quentes as palavras e tão doce a imagem longínqua de ti. Ferves no meu sangue, o meu sangue ferve também....
(Sinto-me como se os seus seios me chegassem através das letras, negras e rápidas, e se encostassem ao meu peito, nus, túmidos, entregues às minhas carícias e eles próprios, carícias.)
- Estás a fazer-me bem, sim! Quase posso sentir os teus beijos! Estás a beijar-me, eu sei que sim, que no teu pensamento apenas podes estar a beijar-me...
(Epah, o sabor da sua pele, bolas...como é possível que tenha na boca o sabor da sua pele? Queria sentir o cheiro, o cheiro dela... Ai, como me falta o cheiro dela!)
- Eu nem sequer estou só a beijar-te ...começo a imaginar a tua roupa, o formato da tua nuca, começo a imaginar como é bom sentir o calor que libertas nos meus lábios, sinto o teu sabor. Chama-me louco mas juro que sinto o sabor do teu corpo!
- Abraça-me, diz-me que me apertas contra ti e que me fazes sentir como se me quisesses dentro de ti. Diz-me tudo o que sentes, nesse abraço.
(Que estranho! Leio o que escreve e cada vez é mais nítida a sensação de que a tenho presente, aqui, aqui mesmo ao pé. Sinto como se me impelissem molas. A tensão de lhe tirar a roupa, de descobrir tudo aquilo que adivinho, com que sonho, com que alimento toda a minha fantasia, sim. É isso, estou quase louco, sem controlo. O meu pensamento voa e, de repente, sinto como se lhe beijasse o ventre, a curvatura da cintura, como se os meus dedos não parassem mais de a apertar, de a sentir, de a tactear gentilmente, procurando seguir-lhe a curvatura até à anca...quase posso ver a sua tez, a textura da sua pele agitada, uma angústia! A angústia de não lhe sentir o cheiro...)
- Sabes, eu quero-te! Quero-te como se fosses a minha ultima vontade. Não me abandones agora, decide...quando nos vemos?
- Não, não decido. Todas as promessas que encontraste nas palavras, toda a esperança que depositaste aqui, são para viveres aqui. Podes avançar até ao mais delirante amplexo, podes provocar-me até à mais impensada carícia, podes até levar o amor físico às ultimas consequências...mas vais viver tudo isto dentro desta janela. Não há outra realidade, não há amanhã, nem ontem, nem hoje! Há apenas, isso sim, que existe, a tua janela. Eu sou produto da tua imaginação, sou a forma como a tua paixão se consome em si própria! Sou o que não podes nunca ter. Para mim existes só em ideia. Se quiseres, és um pária, um condenado a ausência perpétua. És apenas o que fizeres com a tua escrita. Dou-te todas as coisas, mas não te entrego o meu Cheiro!
Acordei ensopado em suor. Esta noite ia jurar que sonhei contigo! Aliás, esta noite ficou marcada nos meus lençóis. Uma humidade e um cheiro a prazer envolvem-me, numa atmosfera estranha e promissora, mas não sei o seu significado. Porque será que me apetece levantar e correr para chegar à janela mágica da minha vida? Nunca me apeteceu tanto...
Maslow