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Urban Jungle

pensamentos, divagações e tangas da selva urbana

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Urban Jungle

06
Fev06

A tarde do Raio

Cereza

Flyman tá demais, e parabens pela coragem :) O que estão a ver, é o trailler de King Kong :X





Foi mais ou menos numa altura, em que os dinossauros estavam já desaparecidos, as galinhas perdiam os últimos dentes, mas os animais ainda falavam, que eu nasci.

Sendo assim tão antigo, é natural que genes dos animais que deram origem ao Homem, ainda estivessem bem presentes na minha herança genética. Como tal, e sendo descendente de um antepassado comum com o macaco, seria natural preservar algumas parecenças com o esse meu primo.

Ora acontece que nesses tempos já longínquos do dia em que nasci, vim ao mundo coberto de pelo. A minha própria mãe afirma que nunca viu um bébé tão peludo. Apesar disso sempre conseguiu gostar de mim.

Na realidade, enquanto a minha vida foi passada em casa, nenhum mal do mundo me chegou. O problema começou quando tive de ir para a escola.

O meu farto bigode aos 10 anos, chamava a atenção, assim como a minha voz, muito mais grave do que a dos outros colegas de turma.

Aos onze estava a fazer a barba na cara toda, e aos quinze tinha o corpo coberto de pelos, quando muitos colegas meus não tinham ainda sequer pelos nas partes baixas. Isto tornava-se particularmente desconfortável no balneário da minha equipa de basquete.

Com o passar dos anos, e por me tornar homem adulto, aquele trauma suavizou-se. É normal os homens terem pelos. O que não é tão normal, é terem-nos numa forma de alcatifa, de teddy bear, de urso ou de gorila. Destas imagens, cada qual que escolha uma ou invente outra para melhor visualizar o estilo.

Ora sendo um amante de sol, claro que não ficava vestido quando ia no seu desfrute. Quando tirava a roupa haviam sempre comentários do género: "...então não te despes?...", ou "...bela camisola!...", ou "...os teus pais devem ter pago mais por ti – vieste alcatifado..." ou "...esqueceste-te de ir à tosquia?...", e outros mais ou menos jocosos, seguidos sempre de gargalhadinhas mais ou menos subtis.

Com a minha AUTOESTIMA a ir pelo cano, sempre achei que me devia depilar. Mas a depilação é coisa de senhoras e a cera provocava-me suores frios. Ainda por cima um tipo de voz grossa e modos brutos a ter pensamentos metrossexuais... Apesar desta postura, nunca coloquei essa ideia completamente de parte.

Li algures num blogue muito bom, que a raça humana levará 80.000 anos para se transformar. Pois eu quis provar que posso evoluir, sem ter de esperar todo esse tempo. Já seria demasiado cota quando atingisse o 80.000º aniversário.

Bem, o que é verdade, é que depois de um teste, para ver se eu era alérgico, avancei e bingo!... Fui ao raio laser. O suplício de ser diferente dos outros quando estava despido, ia acabar. Nessa manhã tirei umas fotografias do "antes", para depois comparar os resultados.

E lá estava eu, deitado na marquesa, a ouvir um som chillout qualquer para acalmar, enquanto a esteticista me rapava primeiro as costas e depois os ombros, a barriga e o peito. Ora a sensação era deveras estranha. Deitado, olhando para os pés, parecia que estava de t-shirt e não de tronco nu, tal era o efeito que a pele desprovida dos meus companheiros de tantos anos, me provocava.

Depois da lâmina, fui demarcado em zonas por um giz branco, qual região vitivinícola, e de seguida o gel, para aliviar o contacto do raio laser.

Ora se de início estava à espera de umas picadas dolorosas, bem surpreendido fiquei porque quase não se notava o efeito. No entanto à medida que se aproximavam as áreas onde eu tinha sido mais peludo, lá se ouviam uns treques e cliques da raiz do pelo a despedir-se. Dei por mim a lembrar-me dos tempos de infância em que nos meses de Inverno ia até ás matanças do porco. A imagem do porco a ser chamuscado, o cheiro desse acto, estava a vir-me à memória vá-se lá saber porquê.

Depois de mais de duas horas a ser torturado, o raio não me partiu, mas abrasou o maldito pelâme. Quando me levantei e me vi ao espelho, não me reconhecia! Eu tinha peito! Eu tinha mamilos! E... barriga!... Parecia que esta desgraçada se tinha escondido a minha vida toda e estava agora definitivamente fora da toca, sem qualquer hipótese de se esconder. Já não podia ir para as moitas, para os arbustos, para a floresta... Já não estava camuflada.

Eu estava diferente. Ao princípio custava reconhecer-me ao espelho. Mas gosto mais de me ver agora sem matagal. Principalmente nos ombros e costas.

Quando ia para tirar as fotografias do "depois", não encontrava o raio da máquina fotográfica!... Tudo revolvido, tudo revolvido... Nada... E de repente acordei!... Teria sido tudo um sonho?!... Como há para aí um blogue cujo tópico é "Pensamentos, divagações e tretas da selva urbana", resolvi partilhar esta treta toda.



flyman





kingkong.jpg


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