A minha cidade imaginada

Na minha cidade imaginada, as formas e as cores, são belas de morrer e não é difícil que o sejam, pois que são escolhidas por mim e não há outra perspectiva a considerar.
Todos os jardins da cidade, são semeados de sorrisos, flexibilidade e luz.
Vozes amigas iluminam qualquer recanto e as manhãs serão sempre jubilosas, sem espaços de solidão e esquecimento.
O ar, tal como a água é límpido e saboroso, agradável ao tacto e o perfume encantador, se bem que tenha dificuldade em imaginar um espaço assim com humanos pelo meio.
Não concebo ver ali seres humanos (é fácil calcular a rematada parvoíce que um tal desejo envolve).
Por definição, os humanos são grosseiramente poluentes e altamente irrecuperáveis.
Todavia, os mundos sempre foram feitos para seres humanos e eu devo incluí-los na minha cidade imaginada, mesmo contra-vontade, quase exactamente como se calculasse que a vão estragar implacavelmente.
Mas pode haver um tempo inicial, de frescura, onde tudo está ainda para acontecer. E é esse que me interessa definir. Depois talvez um dia...!?
Mas podem existir anjos na minha cidade. Os ruídos das suas asas serão harmoniosos e sinfónicos, constituindo o fundo musical apropriado. Todavia há outros sons, não apenas das vozes que iluminam os recantos, mas os sons naturais, dos pássaros e das borboletas, concebidos sem dor.
As melodias são fundamentais na cidade.
Eu, imaginadora, sou uma peça fundamental nesta engrenagem: se me perturbar por um minuto que seja, toda a cidade se desmorona e outra que invente será sempre outra.
Vou deixar as coisas assim. Esta escrita permite que a cidade exista enquanto ela existir; vou deixá-la até um dia em que a imaginação serenamente, sem correrias, me leve mais longe.
Tex